SC de Fato 01-11-20 (celebrando os 479 anos da expedição de Cabeza de Vaca no vale do rio Itapocu).

Celebrando os 475 anos da expedição de Álvar Núñez Cabeza de Vaca no vale do rio Itapocu

Celebrando os 475 anos da expedição de Álvar Núñez Cabeza de Vaca no vale do rio Itapocu
JDV - Jornal do Vale do Itapocu / Jornal de Bairros (17/11/2016), páginas 6 e 7.

Programa "Cidade em Ação" (TV da Cidade - Joinville / SC) 06/07/2016

Redescobrindo o Itapocu - Documentário Completo

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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

O belga Emílio Carlos Jourdan e sua relação histórica com Álvar Núñez Cabeza de Vaca no vale do rio Itapocu.

Neste dia 02 de novembro de 2017 completa exatos 476 anos da entrada de parte da expedição espanhola sob o comando do espanhol e adelantado Álvar Núñez Cabeza de Vaca no vale do rio Itapocu.

Enquanto o "Archivo General de Indias" na Espanha (através das páginas do Archivo General de Indias: mecd.gob.es e Portal de Archivos Españoles: pares.mcu.es), além do "Archivo Nacional de Asunción" no Paraguai (através da página do Archivo Historico de la República de Paraguay: riobranco.anasnc.senatics.gov.py) não disponibilizam novas fontes primárias originais que mencionam a entrada dos desbravadores a serviço da coroa espanhola do século 16 no vale do rio Itapocu, estarei contando nesta importante data comemorativa o primeiro personagem da segunda metade do século 19 que conhecia a história da passagem de Álvar Núñez Cabeza de Vaca no vale do rio Itapocu, o belga Emílio Carlos Jourdan. Segue abaixo uma rápida biografia deste personagem histórico.

Nascido na cidade de Namur na Bélgica no dia 19 de julho de 1838, estudou engenharia na sua terra natal e quando formado veio em seguida para o Brasil por volta do ano de 1863 (aos 25 anos de idade), residindo na cidade do Rio de Janeiro.

No ano seguinte, quando ocorreu a Guerra do Paraguai (1864 a 1870), o mesmo esteve a serviço do governo imperial brasileiro participando ativamente como primeiro-tenente de Artilharia na Comissão de Engenheiros. Após o término da guerra no ano seguinte (1871), lançou um livro contando sua versão dos fatos da Guerra do Paraguai, intitulado "Atlas historico da Guerra do Paraguay, organisado pelo 1o. tenente E.C. Jourdan, membro da commissão de engenheiros, sobre trabalhos seus e de outros officiaes da mesma commissão". Também confeccionou nesta época alguns mapas mostrando os locais por onde passou com as tropas na Guerra do Paraguai.

No ano de 1875, foi convidado pelo governo imperial brasileiro a fazer a segunda demarcação das terras do Conde e Condessa d'Eu do lado direito do rio Itapocu no norte da província de Santa Catarina, onde realizou o serviço com êxito na primeira metade do ano de 1876. Neste trabalho, acabou ganhando no mesmo ano uma concessão de terras do governo imperial brasileiro para a instalação de um engenho de açúcar entre os rios Jaraguá e Itapocu (conhecido como "Estabelecimento Jaraguá"). Este projeto acabou não dando certo alguns anos depois e forçou o belga Emílio Carlos Jourdan a abandonar este seu primeiro plano de explorar as terras no vale do rio Itapocu. Numa segunda oportunidade dada pelo governo republicano brasileiro (meados da década de 90 do século 19), o belga retornou a região pois tinha conseguido uma nova concessão de terras para a instalação de imigrantes europeus (conhecido como "colônia Jaraguá"). Também este segundo plano acabou não dando certo de explorar as terras no vale do rio Itapocu. Mesmo com estas duas tentativas infrutíferas, pelo menos o belga acabou ganhando como reconhecimento dos seus esforços o título histórico de "fundador" da cidade de Jaraguá do Sul / SC.

Retornando em definitivo para a cidade do Rio de Janeiro, o belga Emílio Carlos Jourdan acabou falecendo alguns anos depois no dia 08 de agosto de 1900.

Mas qual é a relação histórica entre Emílio Carlos Jourdan com o governador e adelantado Álvar Núñez Cabeza de Vaca? O belga foi um dos primeiros estudiosos do século 19 que tinha conhecimento dos feitos realizados pelo espanhol Cabeza de Vaca na primeira metade do século 16 no vale do rio Itapocu, quando o governador e adelantado espanhol caminhou com seus 250 homens a partir da foz do rio Itapocu no dia 02 de novembro de 1541 em direção a recém criada Assunção no Paraguai. Provavelmente este conhecimento tinha sido adquirido desde a época que o Brasil ganhou a Guerra do Paraguai e assim acabou confiscando vários documentos históricos (livros e fontes primárias) que só foram devolvidos ao país vizinho mais de cem anos depois.

Além do conhecimento teórico, Emílio Carlos Jourdan foi o primeiro agrimensor de sua época que teve o privilégio de refazer na prática parte do mesmo itinerário realizado pelos desbravadores a serviço da coroa espanhola no vale do rio Itapocu 335 anos depois (1541-1876), onde o belga deixou alguns registros históricos deste seu conhecimento.

O primeiro registro histórico que o belga Emílio Carlos Jourdan deixou imortalizado foi no mapa da região do vale do rio Itapocu que foi confeccionado entre os anos de 1883-1884, intitulado: “Planta geral do vale do Itapocu na província de Sta. Catarina e do vale do rio Negro na parte contestada entre as províncias de Sta. Catª e do Paraná e na parte escolhida para fazer parte do patrimônio total de SS. AA. os Senhores Príncipes Conde e Condessa d'Eu, compreendo 53 léguas quadradas, para compreensão do projeto de trainway que deve ligar a navegação do rio Itapocu (litoral) a navegação interior do rio Negro, Iguaçú e Paraná (roteiro do Cap.ão Álvaro Nunez Cabeça de Vacca no ano 1539-40) e para apoiar o requerimento, solicitando iguais favor aos concedidos à Cia. Colonizadora de Hamburgo para organização da Companhia Colonizadora do Norte de Santa Catarina afim de poder colonizar o patrimônio dos mesmos Augustos Senhores, como se fez para o patrimônio de SS. AA. os Senhores Príncipes e Princesa de Joinville”. Este mapa foi publicado pormenorizado numa outra publicação impressa e online em "Homenagem aos 141 anos da cidade de Jaraguá do Sul".



Observação: nota que o belga equivocadamente assinala no rodapé direito deste mapa a seguinte descrição "(roteiro do Cap.ão Álvaro Nunez Cabeça de Vacca no ano 1539-40)", quando na verdade esta expedição expedição de Cabeza de Vaca esteve de passagem no vale do rio Itapocu no ano de 1541.

Outro importante registro histórico que o belga Emílio Carlos Jourdan deixou imortalizado foi o artigo relacionado com a questão de limites territoriais entre Argentina e Brasil no final do século 19, intitulado "TRATADOS DAS MISSÕES - Estudo para esclarecimento da questão das Missões, apresentado pelo tenente-coronel Emílio Carlos Jourdan, membro da commissão e sob sua responsabilidade", publicado no jornal "Gazeta de Noticias" do Rio de Janeiro, Ano XVI, Nº 301, Terça Feira 28 de Outubro de 1890 (Página 01). Este artigo foi também reproduzido alguns dias depois no jornal "Diário de Pernambuco", Anno LXVI, Nº 253, Quinta Feira, 06 de Novembro de 1890 (página 02).



Neste artigo, separei o trecho que o belga Emílio Carlos Jourdan comenta sobre a expedição de Álvar Núñez Cabeza de Vaca no vale do rio Itapocu:

"Vemos que, em 1540, um navegador hespanhol, o adelantado Alvaro Nunez Cabeça de Vacca, nomeado governador do Paraguay, chegando a Santa Catharina, encontra alli dous padres jesuitas, e por elles guiado e indios já catechizados atravessa por terra com 250 arbalestreiros e 40 cavalos e eguas desde S. Francisco do Sul até o Paraguay, pelos valles do Itapuen, do rio Negro, do Iguassú, e passando o Paraná vai a Assunpção. Do littoral do Atlantico, em 19 dias, chegou aos campos dos Aniriris (no Rio Preto), e, começada a viagem em 18 de outubro, passa o Paraná a 31 de dezembro de 1540 e alcança Assunpção em 99 dias de viagem. Esse facto prova que desde aquella época os jesuitas, instruidos por vaqueanos indios, haviam descoberto o melhor e mais curto caminho para de Assumpção vir ao littoral. Em sua digressão e roteiro, narrando dia por dia a sua marcha, denominam Provincia de Vera a zona a partir da serra geral do Paraná".

Observação: nota que o belga equivocadamente assinala neste artigo a data de 1540, quando na verdade esta expedição esteve de passagem no vale do rio Itapocu no ano de 1541, além de outros equívocos de caráter cronológico.

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